O cérebro trino

O cérebro trino

Teoria do Cérebro Trino

O conceito de Cérebro Trino foi desenvolvido em 1970, pelo neurocientista norte-americano, Paul MacLean (1913 -2007). Foi validado pela comunidade científica na década de 90 e inspira autores de todas as partes do planeta até os tempos atuais. Seu trabalho, demonstrou nossa neuroanatomia, com uma divisão evolutiva, contendo 3 cérebros: o cérebro reptiliano, que é o sistema dos répteis (nossa consciência irracional); o cérebro límbico, que é o dos mamíferos, (nossa consciência emocional); e o neocórtex, que nos diferencia de todas as outras espécies da natureza (nossa consciência racional).

Vejamos um pouco dos três:

No campo do estudo evolutivo, nosso neocórtex foi a última camada, até agora, que mais se desenvolveu, em termos qualitativos de sinapses, na evolução dos vertebrados, - o que permitiu a evolução da fala e da escrita humana. Trata-se de nossa consciência concreta, envolvendo nossos pensamentos racional, cartesiano, tal como, nossas memórias, medições, dentre outras. Também, é a última camada do cérebro a se desenvolver, após nosso nascimento. Por estas razões, muitas mães têm dificuldade de relacionamento com seus filhos, quando ainda bebês, e, também, na adolescência. Isso ocorre, porque, nesta fase, o bebê não chegou ainda no pico de desenvolvimento do sistema límbico, e, na adolescência, no pico de desenvolvimento do neocórtex. Nosso sistema límbico, se desenvolve, em média, até os 5 anos de idade, e o nosso neocórtex, até os 20 anos. Por estas razões, o período da adolescência está sendo considerado, até esta faixa-etária.

Já, nosso cérebro reptiliano, nascemos com este pronto. É o primeiro, em nossa escala neuroanatomica, localizado acima de nossa medula espinhal. É o primeiro a se desenvolver na gestação, e é o mais antigo, em nossa evolução. Nele, emerge nossos instintos, e nossas percepções mais primitivas, tais como, medo, sono, fome, proteção, humanidade, sobrevivência, defesa e ataque, ação e reação. dentre outras.

No campo do comportamento, em nosso cérebro reptiliano, é, também, de onde emerge nossa energia. Isto se traduz em diferentes comportamentos, tais como, nossa intenção, nosso temperamento. E, embasadas em outros estudos científicos, estas são as questões que mais influenciam nos relacionamentos humanos.

Já, nosso lado racional, que, a priori, é o que mais valorizamos, é o que menos conta. Muitas, vezes, uma pessoa não consegue criar muito empatia com a outra, ainda que tenha demonstrado grande habilidade racional, como, por exemplo, um conhecimento técnico sobre determinado assunto. Não basta ter conhecimento, é preciso estar com uma boa energia, boa intenção. Um treinador ou um professor, por exemplo, precisam emanar uma boa energia / uma boa intenção, sobre a mensagem que será compartilhada com seus alunos. Um tom de voz, sem entusiasmo, por exemplo, nos dá sono, ainda que o conteúdo seja muito bom. Já, o contrário, muitas vezes, um determinado conteúdo não é tão atrativo, mas a energia do emissor, sim. De um modo geral, qualquer conhecimento está ao alcance de todos, mas a nossa energia é única. Nossos conhecimentos são racionais, nossa energia é irracional.

Curiosamente, a menor parte envolvida em todas as nossas relações (social, familiar, pessoal) é a racional. E as maiores partes são a límbica e a reptiliana, ou seja, inconsciente, subliminar.

Em termos de mercados competitivos, como o de vendas, ter consciência de nossa natureza trina é muito importante, como uma espécie de leitor humano, para mapear necessidades e ‘’estados de espírito’’ de clientes. Principalmente, conhecermos sobre nosso cérebro reptiliano e sua influência. O fator determinante é o nosso carisma, nosso entusiasmo, nossa intenção. Ou seja, a junção de nosso cérebro límbico e reptiliano. Muitas vezes, percebemos que gostamos de algumas pessoas, e não sabemos o porquê, tendo até motivos para não gostar; e, outrora, não gostamos de outras, que, também, não sabemos o porquê, mesmo tendo motivos para gostar. Existe algo primitivo, e, ainda, com um aditivo emocional, que nos une ou nos separa.

Nosso lado límbico, por exemplo, explica nossa relação de grande identificação com cachorros, pelo fato de possuírem cérebro límbico. Este mesmo sistema é responsável, ainda, por nossos sonhos, e todos os nossos pensamentos, que são lembranças inconscientes de natureza onírica. Mas nosso cérebro reptiliano é o que possui maior influência em toda comunicação e relação humana, justamente, por se tratar de uma matriz localizacionista, de onde emerge nossos instintos mais fundamentais. Uma pessoa, por exemplo, com fome, ou sem dormir, ou ainda, com frio, não consegue avançar em nenhum raciocínio lógico sem antes não resolver tais necessidades irracionais.

Nossa fome, conforme vista acima não é racional, é reptiliana. Em uma análise comparativa sobre os 3 cérebros, tendo como base nosso conceito de apetite, é correto afirmarmos que nossa percepção de fome nasce em nosso cérebro reptiliano; a de ‘’olho grande’’, ou gula, no cérebro límbico; e a administração de dieta, por exemplo, em nosso neocórtex.

Com base em todos os exemplos vistos, e conforme citado ao início, assim como há um distribucionismo entre os 2 hemisférios corticais, há, também, entre as 3 dimensões neuro anatômicas, que formam o conceito de cérebro trino. De forma que, nossos traços irracionais, emocionais e racionais se ramificam, e, nossa personalidade, é um resultado destas intra conexões.

Após o trabalho de Maclean, outras pesquisas, mais recentes, sobre o Cérebro Trino, também confirmam, de forma ainda mais cientifica, que o cérebro reptiliano é o que mais exerce influência, sobre o sistema límbico e sobre o neocórtex. Tão logo, sobre nosso comportamento de uma maneira geral, e, consequentemente, sobre a nossa imagem aos olhos de nosso receptor. No campo externo, o cérebro reptiliano, é o que mais tem influência em nossa imagem/ comunicação, por ser também responsável pelos movimentos involuntários de nossa linguagem corporal, tais como, nossa respiração, postura, caminhar, dentre outros aspectos neurolinguísticos. Visto que, nos estudos da PNL (programação neurolinguística) nossa linguagem corporal influencia muito mais em nossa imagem do que a corporal. Sendo assim, naturalmente, ao analisarmos que nosso cérebro reptiliano exerce maior influência corporal, do que verbal, conclui-se que o cérebro reptiliano prevalece em nossa comunicação.

Segundos tais estudos de neurolinguística, principalmente, em sua parte relacionada à imagem e comunicação humana, o cérebro reptiliano corresponde a 55% de toda nossa comunicação; o sistema límbico 35%, e nosso neocórtex 7%. Portanto, quando reunimos o reptiliano com o límbico, nosso lado racional fica muito pequeno. Embora sejamos animais racionais, nossas raízes irracionais são muito fortes em nossa existência. Conforme vimos, percepções relativas à fome, sono, sobrevivência, podem afetar rápida e diretamente toda nossa racionalidade.

Tal conceito, se for bem estudado e aplicado, pode tornar-se uma grande habilidade, de autoconhecimento, e, por consequência, para se conhecer melhor ao outro. Este conhecimento, permite um mapeamento humano, que pode ser utilizado para identificar estados emocionais, racionais e irracionais, tanto de nossos clientes e conhecidos quanto de nossos amigos e familiares.

Contato, em uma análise neuroanatomica, se nosso cérebro reptiliano está situado abaixo de nosso sistema límbico, e nosso límbico posicionada abaixo do neocórtex, e, em cada atmosfera dessa há uma redução de influencia comportamental conforme a porcentagem citada acima (55% linguagem reptiliana, 37% límbica, e 7 é racional), podemos observar esta redução de porcentagem de cada cérebro, de forma geométrica, simbolizada por um triangulo, ou pirâmide

 

7% - NÉOCORTEX

38% - LÍMBICO

55% - REPTILIANO

 

Tal escala piramidal pode, ainda, neste contexto geométrico, e por analogia, ser conjugada com outra consagrada pesquisa. Pois, esta porcentagem apresentada, relativa ao cérebro trino, e suas ramificações de necessidades, irracional, emocional e racional, podem se complementar aos estudos da Pirâmide das Necessidades, do Psicólogo norte-americano, Abraham Harold Maslow (1908-1970), que analisou nossas principais necessidades humanas, também, através de uma simbologia piramidal. Por assim dizer, o cérebro trino, natural, é uma versão literal, da pirâmide de Maslow, original.

Se conjugarmos, tal pirâmide, com nossos 3 cérebros, veremos que as divisões de ambos os estudos se encontram em concordância.

Na Pirâmide de Maslow, nos primeiros degraus, estão nossas necessidades fisiológicas, tais como, fome, sono, segurança, dentre outras; mais acima, estão nossas necessidades mais emocionais, relacionadas ao amor, família, amizades; já, nos últimos degraus, direcionados ao pico, há nossas realizações pessoais.

Vejamos as imagens abaixo e suas conformidades:

 

 

Com base em nossa neuroanatomia, na prática, podemos observar, a força de nosso lado irracional sobre o racional. Embora, nosso neocórtex nos diferencie de todas as outras espécies, ainda assim, é muito presente, nosso lado emocional, e, mais ainda, nosso lado irracional, em tudo que sentimos e em todas as nossas relações. Nossa racionalidade, mesmo sendo bem-desenvolvida, é muito vulnerável. Questões como medo, fome, sono, frio, são necessidades humanas primordiais, que precisam estar atendidas, para, somente depois, poder se trabalhar no campo da racionalidade. Quanto mais se resolve necessidades, mas se evolui.

O mesmo pode ser visto na descrição piramidal de Maslow. Enquanto não resolvermos nossas necessidades primordiais, não conseguimos transpassar para outros degraus. Em nosso cérebro trino, enquanto não resolvemos nossas questões primitivas, não conseguimos raciocinar sobre nossas questões humanas racionais.

Quando nosso cérebro reptiliano entra em ação prevalece nosso lado irracional. Por isso, por exemplo, o dito popular sobre não se decidir nada, estando-se de cabeça quente. Em situações mais extremas, tais questões transcendem para um nível de consciência muito mais irracional do que racional.

Em uma ótica psicológica, com base nas psicologias, tanto a Freudiana quanto a Junguiana, é possível conjugar, simbólica e empiricamente, por exemplo, que nosso neocórtex está mais relacionado com o ego (complexos), e o nosso cérebro reptiliano, com o Self (arquétipos).

E, tal como a pirâmide de Maslow, outros estudos ainda podem ser conjugados, com o do Cérebro Trino, como, por exemplo, a analogia Freudiana, que compara nossa mente com um Iceberg. Neste caso, o ego (mente consciente), é representado em um Iceberg, como apenas uma pequena parte do que somos, e o nosso Self (mente inconsciente) a maior parte do que somos. Já, a psicologia Junguiana, através dos arquétipos, nos indica o quanto nossa mente inconsciente tem muito mais influência sobre nossas vidas do que nossa mente consciente.

Mas, fica claro, em todas as teorias, o neocórtex, como o hemisfério mais relacionada a mente consciente; o límbico, ao subconsciente; e o reptiliano, ao inconsciente.

Nosso sistema límbico, atua de forma intermediária entre estas camadas. Mas, ao mesmo tempo, também, dentro desta complexidade, é correto afirmar que há um pouco de nosso ego, por exemplo, em nosso cérebro reptiliano, e um pouco de nosso Self, em nosso neocórtex, e, muito, de ambos, em nosso cérebro límbico. Há um pouco das características de cada cérebro, distribuída em cada um dos 3 cérebros, assim, como tal distribuição/ramificação se reflete, secundariamente, também, em nossos 2 hemisférios corticais.

Se analisarmos tais analogias, é surpreendente o quanto nossa esfera psíquica, mental, se conjuga, com bastante coerência, com nosso campo neuroanatômico, material. Na esfera corporal, o cérebro reptiliano é considerado o que tem mais influência em nossas relações, bem como nos primeiros degraus da pirâmide psicológica de Maslow,

Em nossa natureza trina, é preciso frear alguns aspectos de nosso cérebro reptiliano, e ativar outros, justamente, pelo fato de termos um neocórtex, racional, analítico e cartesiano, bem desenvolvido, para avaliar cada situação. O grande desafio é buscarmos aumentar a porcentagem de nosso neocórtex racional. Uma vez resolvidas nossas necessidades primordiais, reptilianas, devemos deixá-las dormentes, sem que cheguem nas dimensões de nosso comportamento. Pois, ao que parece, conforme já citado por diversos autores históricos, o ser humano encontra-se em plena hipnose, reptiliana, deixando-se, inconscientemente, dominar-se por seus instintos primitivos, em vez de explorar, justamente, o que nos diferencia de todas as outras espécies, que é o nosso potencial de consciência racional. Ao contrário desta corrente, o ser humano historicamente, está automatizado, em padrões de ações e reações, defesas e ataques e proteções territoriais. Estas são características claramente reptilianas. No cunho popular, em diversa culturas diferentes, pode-se encontrar uma mesma expressão, tal como a famosa: ‘’Lei da Selva’’, quando deveríamos aproveitar mais a ‘’dádiva biológica’’ do pensamento cartesiano e racional: nossa consciência.

Desta forma, muitas literaturas, principalmente as de correntes filosóficas, já destacaram o quanto o ser humano não está utilizando o que se tem de melhor, que é o seu lado irracional. Na contramão de nossa maior vantagem biológica, estamos automatizados, agindo e reagindo sem raciocinar com a qualidade que podemos.

Contudo, é fundamental termos consciência, do nível de complexidade, que envolve nossa natureza psíquica e cerebral, para que possamos equilibrar os eixos necessários, para nossa sobrevivência, desde nossa racionalização até nossa evolução e realização.

Estudemos, portanto, e criemos equilíbrio entre nosso mundo externo e interno, entre nossos lados, irracional, emocional e racional; entre os degraus de nossas necessidades; entre nossa mente consciente e inconsciente; sobretudo, um eixo pleno, entre nosso cérebro trino e a nossa realidade.